domingo, 12 de julho de 2015

Mas, e da vida?

Na fumaça do incenso eu vi tua forma
e ao invés de sândalo o cheiro que senti foi o teu.
"O que há comigo?"
Instantaneamente começo a arrumar a mesa. Reação do perigo que é me deixar pensar em você.
Porque é como despenhar no abismo das lembranças famintas, que estão prontas pra me devorar.
Como cair no sono na presença de um arqui-inimigo voraz de sentinela a querer minha cabeça.
É a diversão da saudade sofrida querendo de volta o que um dia teve.
Vou apagar esse incenso porque ele me lembra você, vou apagar esse cigarro e tomar de um gole só essa bebida.
Vou tomar um banho pra tirar você de mim.
A primavera vem aí e vou poder me distrair.
Mas e da vida? Que da vida faço eu? Se enquanto eu a tiver você terá vida nela?

***