sexta-feira, 10 de julho de 2015

O Poema Sem Fim

Se eu ouso contar
o que tu és pra mim
contente inicio
um poema sem fim.

Mas teimo escrever
porque sou assim,
o tipinho clichê
de um poeta ruim.

És meu anjo falsê,
mendaz querubim,
o sentimento dublê
de minh'alma mirim.

Brinquedo em machê,
desenho em nanquim,
quadro em degradê
emoldurado em marfim.
Criação de Debret
estampada em cetim.

És meu prato gourmet
cheirando alecrim.
Meu doce glacê
e um copo de gin
servidos na mesa
de um ralé botequim.

Coisa linda de ver
minha antítese enfim
de um ocioso prazer
ao caos de um motim.

Mas tristonho termino
o poema sem fim
se me ponho a pensar
no que queres de mim.

***



Mas se não fosse você, que seria de mim?