domingo, 22 de dezembro de 2019

enquanto juntos em furor e calmaria
como dois deuses descidos aos mortais
fiz oração ao seu corpo, onipotência
e ele ao meu, em divindade, tão iguais
foi ritual, pausado e tão sem pressa
a língua dele fazendo prece em meu ouvido
me dedilhando a espalhar nicotina em minha vulva
senti planetas orbitando o meu umbigo
foi tão celeste, o rito que fizemos
me senti vênus, não só deusa, devota sua
quis contar suas sardas como estrelas
e tatear a sua pele como a lua
porque nele, para mim tudo é beleza
e eu louvo o que ele chama imperfeição
mas não levanto um altar para o seu corpo
se pra adorá-lo, o faço aqui, na minha mão