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e até uma outra hora
Talvez eu não tenha chegado certo à tua catastrófica cena.
Eu nunca
cheguei certo em canto nenhum, se te conforta.
Se me conforta,
pra ser sincera.
Cheguei errado
no mundo.
Toda estranha.
Uma e dez da tarde de uma segunda-feira.
Quem nasce a
estas horas?
Hora de almoço,
todo mundo no corre.
Gente começando
a dieta, gente atrasada correndo no asfalto quente pra conseguir chegar menos
atrasado no compromisso das uma.
Não tão quente
não porque era maio.
Mas mesmo
assim.
Eu tava ali
nascendo, atrapalhando o fluxo. A única menina do dia. No meio de 8 meninos.
Queria voltar
lá a tempo de pegar o meu pai apontando pro berçário.
Dizer que,
sabe, apesar de tanto o prodígio não vingou.
Mas como de
costume eu ia chegar era errado.
Minha mãe
andando a passos lentos comigo enrolada numa saída de maternidade vermelha e
branca.
Meu pai abrindo
a porta do carro.
Quem teria
coragem de estragar esse filme?
Não tenho
coragem desde lá.
Cheguei errado
à tua catastrófica cena.
Seria exigir
demais que eu chegasse certo agora.