terça-feira, 30 de junho de 2015

A Praça

Era uma praça nova.
Seus canteiros bonitos, limpos.
Os bancos confortáveis, recém pintados, que chega dava gosto sentar.
Nela tinham plantado umas árvores que faziam uma sombra muito boa no meio.
Tinha um chafariz de água clara, e os pardais desciam todos para beber nele.
Era nova a praça e ninguém ia muito nela. A cidade era ocupada demais para estar na praça.
Mas quando anoitecia a praça era dos namorados.
Quantos namoros a praça viu? Quantos a praça escondeu? Quantos ela viu acabar?
Depois de um tempinho 'a galera botou fé' na praça.
Aí sim.
Era dia e noite a praça cheia. E quando ela dormia, alguém sempre dormia nela.
A praça era agradável e não lhe faltava companhia.
Num dia aí teve gente de mal coração (ou o coração distraído demais) que, não vendo a beleza da praça, começou a desmantelar o que via.
Quebrou o banco, matou a grama, queimou a luz.
E quem chegava não ligava em fazer também porque a praça já estava depredada mesmo.
O chafariz secou e os pardais pararam de descer, as árvores cresceram muito e fizeram sombra em tudo quanto é canto.
A praça dormia sem ninguém. E ninguém quis mais ir lá.
Era perigoso.

Hoje eu passei pela praça e tem uma placa nela, disseram que faz mais de mês: Em reforma!


***



"Meu irmão... cuide da praça, véi."