Paira no ar. Observa.
O colibri ligeiro, lisonjeiro se aproxima, se alimenta, poliniza.
Cada flor visita.
Uma beija. Por outras a deixa.
No campo alguém arrodeia a agonia.
Aguarda o acabar de um mortiço moribundo.
Vive do fim alheio, o abutre, condenado por sua necrofagia,
Sobrevoa o raio de metros que a dor anuncia.
E que estranha natureza comporta,
Todas as formas com que se saciam
A que todos olhos humanos admiram
sendo igual àquela que tais olhos desviam.
Mas em meio ao riso de escárnio do colibri,
Ironia.
O abutre sabe lá no fundo
que nenhuma flor vai lhe oferecer o que ele aprecia.
***
O colibri não entende.