terça-feira, 31 de março de 2015

E eu, que te amo mais

Cansei de dormir ao pé da sua cama.
De forçar sonos leves pra não passar batida se você chamar.
Cansei de olhar pra frente e querer te ver lá também.
Eu, que fechei as janelas pra você, deixei abertas as venezianas e escancarada a porta. A entrada livre pra você passar e de guarda a falta de tempo pra não deixar que nenhum outro amor chegasse.
Eu, que não conheço esse caminho, nunca estive aqui por ninguém.
Cansei de polarizar minha vista.
De armar meus letreiros a um palmo do seu nariz pra você me enxergar.
Cansei de custar barato e me doar tanto, assim, sem nenhum pedido.
Eu, que saí de rastros da tua vida, marquei o caminho com as  migalhas que eu tinha de ti pra voltar quando tivesse menos cansada. E eu voltei quando o cansaço ainda era o mesmo.
Eu, que de besta não tinha nada, me bestifiquei com seu gosto por amores pequenos e não entendia mesmo tendo esse meu gosto por amores nenhuns.
Cansei de respeitar seu tempo.
De fazer das suas vontades ricas enquanto as minhas esperavam lá, miseráveis.
Cansei da prioridade que eu te dava.
Me arrependo e saio quase que de rastros novamente.
E eu, que te amo mais, só venho cansando cada vez que amo tanto assim.

***

"O amor doença, diferente dos outros, é curável."