sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A Metáfora do Lugar

E de novo eu estou no mesmo lugar de sempre; no lugar da crença, da aposta, na estaca zero; a fincar suas bandeiras que flamejam no sentido do meu vento norte.
Eu rio de lado, ironicamente, porque já a muito perdi as contas das vezes que prometi não voltar. Eu sempre volto.
Ninguém realmente sabe do quanto esse terreno de dentro de mim veio sendo acidentado, e como tem se tornado difícil o acesso a cada expectativa que desaba. Eu percebi riscos em poucas delas e fiz o que deveria ser feito, mas ao que me pareceu dói muito mais ter que demolir nossas construções à esperar que elas caiam por cima de nós.
Eu poderia até estar presa por vontade aos meus primeiros escombros mas é desconfortável ver tudo a todo instante reduzido a pedaços. Não faz sentido tentar reconstruir quando a única coisa que se tem de sólido são as próprias mãos.
Eu me abandonei por entre outras ruas, procurando abrigo por outros lugares, desejando me perder, esquecer de vez meu endereço; mas sempre tem alguém pra me levar de volta até lá, e eu nunca recusei o passeio porque nessas condições que me encontro todas as promessas que faço a mim mesma são voláteis demais para durar um não. Quando se está muito destruído qualquer coisa que convença é bem vinda, e aí que tá o problema, talvez tudo convença.
Só sei de certo que sou um problema com mil problemas, e vai ser um problema lidar com a minha desconfiança pra quem aceitar o desafio 50 anos em 5.
Mas eu quero dizer que se voltei é porque ainda vejo jeito. Ainda acredito que o medo passe. Ainda quero me sentir bem aqui um dia.

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