quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Volúpia

O beijo dura mais que um pouco e o ar esquenta.
Cuidadosas, subtraem-se as vestes.
Unhas marcam, riscam, dentes trincam.
Inculto se faz o selvagem, o silvestre.

Assim eu ato tua cobiça ao meu desejo.
Nesse rito nos atamos em um só.
Uma só carne, uma só sede, uma só prece.
Unidade viciosa feita em nó.

No gosto brando do teu ávido lábio,
Idolatrio o teu corpo mavioso.
Indecente, em pensamento voluptuoso,
Repudio contrição, regra ou conduta.

Em tuas mãos me lanço, abismo.
Me entregando corpo, alma e coração.
Espasmos da dormência e do agito
Me invadem em calmaria e excitação.

Descobrindo teu desejo te exploro a boca,
Minha mão toma teu dorso com maldade.
Sou tua pele, teu suor e tua roupa.
Tua toda mera e vil propriedade.

***


"Que todo gosto no mundo seja tão bom quanto o dele. Mas que eu não lembre dele, nem do meu mau gosto."

Beijos na alma.